Marcaram a festa para o dia das avelãs
o dia interior dos olhares longínquos, dos sonhos
das ligações às estrelas mais antigas
Chamara os pastores de todas as montanhas
com seus odres cheios de néctar de medronho
e amoras, com suas flautas de madeira nova
E quando chegararn os adivinhadores pelo trevo
acompanhavam o movimento dos campos
o crescimento dos lírios, os voos nocturnos
a medida da sombra
Os vendedores de nêsperas faziam previsões
sobre o tempo que faria no dia das avelãs:
-“Luz excessiva, brasas, dança de meteoritos
Cinzas de nácar sobre os rios. ”
E os amantes
escureciam as mãos com outras sombras
Na terra quente, onde se devoram minérios
No caminho mais simples
há um assombroso bailado de suor
Abre-se uma sombra contínua
para os dias mais verdes e azuis
E atravessa a desmedida
Chegamos ao mar, às colinas frescas da tarde
com algas surpreendidas pela luz
Cruzados no chão, adormecemos tarde
ao lado das cortinas
Firmino Mendes