InVersos: Teresa Salvado – De cortinados fechados… e com a dor como companheira


Hoje não abri as persianas, não afastei os cortinados. Deixei que, por mais um dia, a dor me consumisse, me rasgasse por dentro… Deixei que a dor tomasse conta de mim até à exaustão, até não poder mais, até quase não ter forças para me arrastar.
Hoje as lágrimas correram-me várias vezes pela cara abaixo e descobri que perdi a vergonha de chorar.
Hoje doeu… por tudo e por nada… mas doeu fundo… muito fundo.
Hoje recusei-me a ver para fora e limitei-me a deixar a dor entranhar-se e partir-me a alma. Enquanto na minha cabeça se limitaram a circular algumas ideias básicas… “porquê?”… “afinal é isto o amor?… um grande amor?”
E contra tudo e contra todos continuo a amar… Mesmo contra mim.
Hoje recusei-me a deixar a luz entrar. Hoje só permiti à tal da dor que circulasse nas minhas águas furtadas.
Mas no meio da dor um alfinete de ouro teima em picar-me para me lembrar que estou viva.
E só dói tanto porque estou viva!!!

Teresa Salvado